Morador de Roque Gonzales conta o que fez para superar a perda de um filho de 05 dias
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Morador de Roque Gonzales conta o que fez para superar a perda de um filho de 05 dias

Morador de Roque Gonzales conta o que fez para superar a perda de um filho de 05 dias

Meu nome é Emerson Diniz Scheeren, mais conhecido como Néco. Desde que me lembro, sou o Néco. Sou natural de Roque Gonzales, onde sempre morei. Nasci em 1974, sou casado e tenho uma filha de 17 anos.

Sempre que visitava uma marcenaria por algum motivo e via os restos de madeira — pedacinhos muitas vezes cortados em ângulos perfeitos, lixados —, mas que para o marceneiro eram apenas sobras, eu olhava para aquilo e pensava: “Tenho que aproveitar isso de alguma maneira.” Mas, com a vida corrida — trabalho, família — essa ideia acabava se perdendo.

Até que, em 2014, minha esposa engravidou do nosso segundo filho. Um menino. O sonho de todo pai e mãe: ter um casal de filhos.

A gravidez correu normalmente, todos os exames diziam que estava a caminho um lindo e saudável garoto.

Em maio de 2015, chegou o dia do nascimento. Mas logo a alegria se tornou preocupação: nosso filho tinha um problema no intestino.

Cinco dias depois, já na UTI de Passo Fundo, após uma cirurgia, perdemos nosso menino.

Foi um baque que nos levou a passar pelo pior período de nossas vidas. A pergunta que não nos deixava em paz: por quê? por quê? por quê?

Essa busca por uma resposta derruba qualquer ser humano — e conosco não foi diferente.

Mas o tempo faz com que a gente aceite — o que é diferente de entender. O tempo cura a ferida…

Até que, em 2016, fui visitar, em função do meu trabalho, meu amigo Osvaldo em sua marcenaria. E lá estavam, novamente, aqueles restos de madeira.

Parecia que me olhavam, dizendo: “Me tira daqui… faça algo comigo.”

E saiu a pergunta:

— Osvaldo, o que você faz com esses restos de madeira?

A resposta:

— Mas, Néco, pode levar! É tudo rejeito.

Juntei vários pedaços, coloquei no porta-malas do carro e levei pra casa. No fim do dia, ainda na empresa, enquanto desligava o sistema — o que leva alguns minutos — desenhei um carro numa folha de ofício.

Mais tarde, em casa, comecei a estudar como faria para transformar aquelas madeiras no carro que desenhei. Sessenta dias depois, aprontei o primeiro. Comecei um segundo… depois um terceiro…

Passei a adquirir ferramentas, a pesquisar modelos, buscando maneiras de fazer réplicas, miniaturas com o máximo de detalhes.

Hoje, dez anos depois, tenho uma coleção com quase 100 miniaturas — 20 delas são motos — feitas com madeira, latas de alumínio e o que mais você puder imaginar.

Não comercializo. Por três vezes, tirei algumas de casa para expor. Tenho para mim, para mostrar aos amigos.

Elas não têm preço. Elas têm um valor muito grande.

Me ajudaram a manter a mente saudável após a terrível perda que eu, minha esposa e minha filha tivemos.

Fonte / Fotos: Vilson Winkler

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